quarta-feira, dezembro 14, 2005

em apologia aos blogues do Carlos.


André Kertèsz, Martinique, 1972, gelatin-silver print

vi esta foto (penso que pela primeira vez [!?] e com algum pudor o revelo) há apenas uns três meses atrás num fórum por terras bem longínquas. Quase toda a gente lhe teceu os mais rasgados elogios. Foi esmiuçada, anatomizada ao mais ínfimo pormenor e mesmo firmada por alguns no Olimpo do restrito circulo das imortais fotos. Um ou outro até revelaram ser a sua eleita, de sempre. Pela minha parte não me impressionou assim tão marcadamente. Digamos, relativamente…

A imagem da foto foi-se diluindo na minha cabeça nas horas seguintes. Só que uns dias depois, de tempos a tempos esta imagem assaltava-me de súbito a mente. Penso que nunca aquela extravagante teoria de Salvador Dali, a propósito do seu quadro "A Persistência do Tempo", que existem imagens que se insinuam dissimuladas na nossa mente e de súbito constatámos que se arreigaram em definitivo no nosso pensamento ; se afigurou tão clarividente no meu pensamento. Reconsiderei então a grandeza da obra.

Envidei algum esforço em reencontrá-la semanas depois, e o nome do autor escapava-se-me (!). Numa das visitas regulares ao blogue do Carlos (Sousa de Almeida) Sob a Pálpebra da Página ela deparou-se-me de novo. Materializou-se por fora pois persistia em projectar-se bem real por dentro. Aliás é sobre isto que esta foto nos sussurra na nossa consciência: do que se consegue entrever quando realmente não se vê. Não se vê o claramente visto (como dizia o Luís Vaz). Mas não tenho propósito de desenvolver uma letrada apreciação à foto. Especialistas já se debruçaram de modo mais conforme à sua grandeza do que eu o faria ou fiz.

Contactei há uns distantes anos com algumas obras de Kertèsz, através de Cartier-Bresson, mas creio que nessa altura esta foto não era tão relevada (ou seria?) e porventura nunca se focalizou no meu cristalino. Ou são tudo coincidências...

Inseri esta foto no meu blogue em apologia aos blogues do Carlos (L&E e SAPDP) visto ele ter revelado efectuar, pelo menos, um interregno temporal na sua blogosfera.
Poderão existir alguns blogues que se lhes equiparam mas arriscam enunciar algum na blogosfera lusa que vai mais além do que ele tem intentado? Penso que não....
Até breve e vamos apreciando a espaços todo o manancial de coisas, ideias, reflexões, percepções, imaginações e todas as sensações que permanecem nos seus(teus) blogues.

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E já agora, é um homem ou uma mulher que está por detrás da vidraça da foto?
Não querem saber?! Olhem, eu também eu não!! (ehehe..)


Comments:
Então já não está lá o teu, oh manganão? Queres que ponha os outros?
 
Eh, pá, Fernando, a foto, substituindo a água, por gelo, faz-me lembrar, entre outras coisas, o "Peter de Ville, Explorador do País da Lua", do Jack London: «- E o que pensa do País da Lua?, perguntei-lhe. (...) Bom, sabe, vou dizer-lhe como são as coisas. Lá, a bússola perde o norte, gira sem parar - nem sei bem porquê, devido talvez a algum jazigo de minério de uma natureza especial. É um país muito difícil de atravessar e arriscamo-nos a todo o momento a perder-nos. (...)» Desculpa, isto ficava muito longo.
Muito agradecido, «amigo, é tempo de figos», «o que o coração sente a boca não mente».
Abraço
 
Bem sei que não é senão a introdução ao tema que realmente se queria expôr, mas a foto, apesar de não a considerar magistral, exige-me um olhar involuntariamente prolongado. Desperta-me curiosidade, a imagem, e algum desconcerto entre uma imagem mais limpa e o efeito fosco do vidro. Seria essa a intenção do fotógrafo?
 
Fernando. Vou colocando conforme o tempo permitir: chuva ou sol. Na realidade, aqueles foram colocados com base nos do Kafka, mas outros irão a seguir. Um abraço.
 
Também não considero a foto magnífica, não sou expert em fotos. Ao contrário do que tu sentes, a mim incomoda muito a imagem "crespa" de alto a baixo marcada no canto - é interessante os diferentes sentidos que uma imagem pode resaltar.

E é um homem ;). A silhueta se debruça muito firme sobre o guarda-corpo, não deve ter permanecido ali por muito tempo, parece que olha mas não contempla...e acho que tem uma toalha enrolada na cintura...;)
Abraços.
 
ressaltar
 
lindissima homenagem ao CSA...ele merece. boa noite.
 
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