domingo, dezembro 11, 2005

It runs all in a big family...

Via o Animatógrafo soube que o livro “Kafka on the Shore” de Haruki Murakami, publicado pela Alfred A. Knopf (nos EUA) tinha sido um dos dez livros eleitos de 2005 pela The New York Times Book Review. Na lista dos eleitos por editores (que não são discriminados) surge mesmo em primeiro lugar. O livro foi escrito em 2002 e traduzido para inglês em 2005. Aliás, em todas as suas obras, Murakami não permite a tradução logo nos anos seguintes. Por exemplo, a sua última obra “After Dark” só irá ser publicada em tradução inglesa em 2010. É um modo de obrigar os fiéis leitores a aprender a Língua Japonesa.

É curioso notar que entre os dez livros da lista acima citada, 2 são da Ramdom House, 2 da Alfred A. Knopf, e 1 da Pantheon Books. O mais curioso é o facto de todos estes editores pertencerem ao grande grupo editorial e de comunicação que é a Random House, Inc., que por sua vez tem participação financeira sobre o The New York Times Book Review.
"It runs all in a big family!"
Este gigante (Random House) já granjeou mais prémios literários que qualquer outro grupo editorial (incluindo o Nobel Prize, o Pulitzer Prize ou o National Book Award, entre outros). Este facto prende-se em larga medida com as directivas traçadas pela editora que têm por pressuposto a publicação dos livros de elevada qualidade literária. Na lista referida surgem ainda 2 livros da Penguim Press, sendo que a Random possui ainda uma participação financeira no grupo de Penguin.
E não irei abordar aqui o grupo étnico-religioso que exerce maior controlo (há umas décadas para cá) sobre a Ramdom House (ou Bertelsmann) e o New York Times, e que por exemplo durante muitos anos serviu de ‘força de bloqueio’ à publicação e difusão da obra de N. Chomsky. Por acaso a Ramdom House até possui no seu catálogo um livro de Chomsky, nem que seja para dissimular algumas verdades.

Se bem que possua e tenha lido dezenas de livros de autores japoneses, Haruki Murakami não está entre os eleitos. Continuo a dar mais relevo aos autores mais ‘clássicos’ : Junichiro Tanizaki, Kawabata e também Mishima.
Haruki Murakami nasceu na segunda grande urbe nipónica, Quioto, no período pós-guerra, em 1949. O seu pai (que era um sacerdote budista) e a sua mãe eram ambos professores de Literatura Japonesa. Cedo Murakami mudou-se para Kobe e depois para Tóquio, a fim de realizar os seus estudos universitários. Até 1982, com 33 anos, as actividades de Murakami recaíram sobretudo sobre o Jazz, gerindo mesmo um bar do género em Tóquio. Murakami começou a escrever ficção por esta altura e logo granjeou algum estatuto e também prémios. Curiosamente, a maior influência de Murakami sempre foi a cultura americana (sobretudo a musical) e não a nipónica e isso reflecte-se ao longo da maior parte dos seus livros.
Em 1987 Murakami estabelece a sua residência nos Estados Unidos, onde passou a leccionar nalgumas das mais reputadas Universidades Estadunienses. Contudo, Murakami continuou e escrever os seus livros na sua Língua materna. A fama internacional adveio com “Norwegian Wood” em 1987. No original este livro foi publicado em 2 volumes, um com capa verde e outro com capa vermelho. Em 1994 publicou a sua obra maior “The Wind-Up Bird Chronicle”, em 1999 Sputnik Sweetheart (Sputnik, Meu Amor) e em 2002 “Kafka on the Shore”. Possui também muitos livros de contos.
Apenas muito recentemente (2004 e 2005) os livros de
Murakami foram traduzidos para o mercado luso, e só tenho conhecimento de dois ('Norwegian Wood' e 'Sputnik, Meu Amor').
Na análise às obras Murakami constata-se sempre uma forte clivagem dos críticos literários. Uns acusam-nos de ser demasiado pop, outros no extremo apelidam muitos dos seus livros de singulares obras-primas. Eu já li parte das duas obras traduzidas para Língua Portuguesa, e “The Wind-Up Bird Chronicle” em inglês, e confesso que não me seduziram muito. Que Murakami imprime aos seus escritos uma notória qualidade literária isso é indubitável, mas desde os (diversos) temas que ele aborda, ao seu peculiar estilo de escrita, até às concepções morais e de correlação estética que nela se insinuam, não me seduzem de modo significativo para a prossecução e consequente leitura integral das suas obras.


Sobre “Kafka on the Shore “ podem ainda ler :

__ uma entrevista a Murakami

__ diversos excertos do livro

__ algumas críticas


Comments:
Conseguiste que eu ficasse com curiosidade de ler este livro.
Este post está muito bom.
 
Excelente dica, Fernando, obrigado.
 
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