quarta-feira, janeiro 04, 2006

Gorilas e os grandes símios: somente nos ecrãs?

No ano transacto (2005) foi realizado um amplo estudo, subvencionado pelas Nações Unidas e que agregou largas dezenas de investigadores e cientistas, sobre a actual situação dos grandes símios no mundo: Gorilas, Chimpazés e Orangotangos, as espécies de seres vivos com maior proximidade à espécie humana. As conclusões que foram tornadas públicas sob a forma de um livro, intitulado “The World Atlas of Great Apes and their Conservation”, revelaram, nas suas múltiplas conclusões, que os grandes símios correm o risco de extinção no curto espaço de uma geração humana, em especial os Gorilas.

Relativamente aos gorilas sabemos que na actualidade não restam nem 5% da população que existia no início do século 20. No presente momento subsistem, e circunscritas ao continente africano, apenas três espécies de Gorilas: o Gorila das florestas ocidentais (entre 15 mil a 30 mil indivíduos dos quais 550 em cativeiro pelo mundo fora), o Gorila das florestas do leste do R. D. Congo (cerca de 4 mil dos quais menos de 25 em cativeiro pelo mundo fora) e o Gorila das Montanhas (actualmente com um número estimado em pouco mais de 500 indivíduos e que vivem nas montanhas em região de fronteira entre o Ruanda, Uganda e R.D. Congo). Relativamente a estes últimos não resta nem 2% do que existia há cem anos, e são eles a espécie em maior risco de extinção. Infelizmente, é convicção geral na comunidade científica que se não existir uma drástica alteração na relação entre Homem e os Gorilas desta espécie a sua extinção será inevitável.

O contínuo aumento exponencial da população africana (agricultura, urbanização, propagação de doenças, etc.), a sucessiva implantação de empresas dos países industrializados (mas não só) em exploração das diversas matérias-primas autóctones (no caso dos Gorilas são afectado sobretudo pelo abate massivo das florestas), a caça e o comércio ilegal colocam cada vez mais em risco a sobrevivência dos grandes símios.

Os grandes símios sendo entre as espécies de seres vivos as que possuem um maior grau de inteligência, e que maior número de semelhanças apresenta com a espécie humana (partilhamos cerca de 99% do genoma), afigura-se que o entendimento da espécie humana passa inexoravelmente pelo seu estudo e compreensão, e a sua extinção representará um imenso handicap para o próprio Homem, num contexto irreversível.

Desventuradamente, nos últimos tempos, tem andado tudo mais preocupado com as aventuras de um virtual mega-gorila por terras de uncle sam, do que com os Gorilas de carne e osso como nós, que com esta sequência de imagens muito pouco animadores que vamos assistindo nos seus naturais habitats parece que desditosamente dentro de pouco tempo apenas os poderemos enxergar somente nos ecrãs.

Peter Jackson que certamente ficou com dor-de-cotovelo de a Time o ter preterido este ano por estes eficientes três profissionais da beneficência social (Gates até possui uma empresa apenas dedicada a rentabilizar os seus investimentos na beneficência social, área que se tornou num negócio muito lucrativo), e a produtora de King Kong doaram o lucro usufruído em 500 (míseras) sessões à International Gorilla Conservation Programme IGCP). Uma gota de água comparada com os milhões de dólares que estão facturando.

Se a extinção dos Gorilas e dos grandes símios se concretizar restará na história da civilização humana como um dos maiores holocaustos por ela provocados.

Se nem sabemos cuidar dos que nos são mais próximos, e na nossa casa, que legitimidade e moralidade temos para nos expandirmos pelo Universo fora, onde um número infindo de outras espécies de seres (ditos) vivos nos olharão desde logo com profundo menosprezo em face deste tipo de situações.

Fontes das fotos: amazon.com (superior) e news.bbc.co.uk (inferior)


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