domingo, julho 30, 2006

Takao Arayama, um humilde engenheiro que se tornou este ano na pessoa mais velha a ascender ao monte Evereste, com 70 anos e 225 dias de idade.

Em 17 de Maio deste ano, o japonês Takao Arayama, com 70 anos de idade e 225 dias, um engenheiro reformado de uma empresa de aço, atingiu os 8 850 metros do cume mais elevado do mundo, o Everest, tornando-se na pessoa mais velha de sempre a concretizar tal feito.

Arayama, que apenas se tornou praticante de actividades de montanhismo depois dos 50 anos e sempre encarou o montanhismo como uma actividade de recreio, afirma que a sua intenção nunca foi a de suplantar o anterior recorde de idade, obtido em 2003 pelo seu compatriota Yuichiro Miura, que atingiu o cume aos 70 anos e 222 dias. O mítico Miura, já tinha sido o primeiro homem a descer o Evereste de Ski, em 1970, numa expedição onde perecerem seis alpinistas durante a subida.

Arayama (cuja nome significa algo como montanha turbulenta) reafirma que este recorde foi apenas foi uma coincidência, pois seguiu o seu próprio calendário de montanhismo, e que a oportunidade da ascensão acabou surgindo nesta altura. Para Arayama este recorde não assume qualquer relevância, mas já será bom se servir um pouco como inspiração para as gerações de média e avançada idade.

Arayama iniciou as suas actividades de montanhismo com 52 anos. Uma das primeiras ascensões foi o Matterhorn - Cervino (4.478 m.) nos Alpes. Continuou a praticar de modo recreativo esta modalidade, mas nunca se aventurou em montanhas de grande magnitude até que em 1999, quando se reformou aos 63 anos ascendeu ao Monte McKinley (6.194 m.) no Alasca, o maior pico da América do Norte e um dos mais difíceis do mundo, devido sobretudo às condições climatéricas. No mesmo ano ascendeu pela primeira vez a um oito mil: Cho Oyu (8.201 m). Foi nessa altura que concebeu a ideia de subir ao Evereste.

Como treino ascendeu em 2001, aos 65 anos ao Aconcágua (6.959 m. ), nos Andes, a maior montanha do Hemisfério Sul e nos anos seguintes a um cume de seis mil e um de sete mil na cordilheira dos Himalaias. Arayama lembra que o Evereste ao longo dos anos já se apoderou de mais de 200 vidas, e é sempre uma montanha cuja ascensão compreende um infindo número de elevados riscos e com uma dificuldade extrema.

A sua expedição rumo ao Everest partiu em 15 de Abril deste ano. Nesta expedição de 10 alpinistas, Arayama não era a única pessoa de idade, pois também se incluía um taxista com mais de 50 anos e um fotógrafo reformado com 66 anos de idade. Inicialmente, a expedição passou três semanas a subir e descer os flancos das montanhas em redor para se aclimatar.

No dia 14 de Maio o caminho já só era numa direcção: subir. Nesse dia partiram, atravessando uma tempestade de neve até aos 7.800 metros. No dia seguinte atingiram os 8.230 metros. Após uma breve paragem neste campo, subiram encordoados durante 11 horas por uma estreita aresta de neve (aresta norte) rumo ao cume. Praticamente ninguém da expedição ingeriu nada (sólidos ou líquidos) durante esta subida. O que mais impressionou Arayama durante este percurso foi a quantidade de corpos perecidos por que passou pelo trilho, uns mortos há apenas uns dias, outros perfazendo anos.

Finalmente em 17 de Maio a equipa atingiu o cume, com um tempo favorável e o céu aberto. Mas a rápida aproximação de nuvens negras induziu a descer o mais rápido possível. Arayama recorda que efectivamente, apenas no campo base teve uma reacção ao seu feito “Tu realmente chegaste lá!”

De regresso ao Japão, Arayama mantêm-se em forma fazendo jogging uma vez por semana e transportando periodicamente um pack de 20 kg de água entre colinas no redor de sua casa de Kamakura, onde vive com Keiko, a sua companheira de há quase 40 anos.

Arayama refere que considera agora a hipótese de completar os “Sete Cumes”, até porque já ascendeu aos quatro mais difíceis. A sua esposa, Keiko, refere que Arayama assegurou que o Evereste fora o seu último cume e que fica relativamente apreensiva com a perspectiva de o marido prosseguir as suas aventuras.


Est artigo é uma tradução (relativamente livre) do artigo do "The Japan Times" - 30-07-006

Fonte da Foto

Ver ainda: Evereste 2006 : grandes feitos e grandes tragédias.


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